Confira a entrevista com Carla Detoni, integrante das Hi Hat Girls

Conheça um pouco sobre a trajetória e história de umas das professoras do projeto Hi Hat Girls

Com sua carreira musical iniciada aos 13 anos, época em que começou a tocar bateria, Carla Detoni é uma baterista com uma vasta carreira cheia de projetos e participações notáveis.

Perfil e projetos importantes

De origem mineira, mais precisamente da cidade de Juiz de Fora, Carla é inteiramente envolvida com o mundo musical e possui projetos como o Divulga Arte, no qual é sócia proprietária. Além desta ação, Carla faz produções desde 2012 e é integrante do bloco Muvuka, movimento que é realizado em Minas Gerais com intuito de promover a música afro-baiana. Não parando por aí, a baterista é formada em jornalismo e ainda é fundadora da banda Zé do Black, banda mineira de destaque local com diversos shows já realizados. Com sua pegada Soul e muita ligação com a Black Music, os Zé do Black levam música de qualidade por onde passam.

Hi Hat Girls

Hi Hat Girls foi fundado em 2012 e é um projeto que foi criado com intuito de incluir mulheres no mundo da música, levando aulas de graça para todo o Brasil. Carla Detoni entrou para esta ação em 2016, e desde então agrega seu conhecimento com o das outras professoras para levar inspiração musical a muitas mulheres ao redor do país.

Confira a entrevista com Carla Detoni na íntegra:

  1. Conta pra gente, quando você começou a tocar bateria?
    Comecei a tocar aos 13 anos em 1999 na minha cidade, Juiz de Fora – MG.
    Na época em que comecei a tocar, não havia muitas opções para estudar música na cidade.
    Eu acabei aprendendo com amigos e por meio de fitas VHS (tenho minha coleção de VHS até hoje)!
    Na época a internet não era muito acessível. A gente tentava tocar as músicas que ouvia na rádio e nos cds.

 

  1. Quem são suas inspirações na batera

A primeira imagem de bateria que eu me lembro é da Vera Figueiredo tocando na TV. Acho que era um programa da Tv Cultura de música instrumental.
Eu achei o máximo. Naquele momento descobri que a bateria não era “coisa de menino”, como eu pensava. Por esse motivo, a Vera sempre foi uma inspiração para mim.
Também gosto muito da Cindy Blackman. Ela transmite uma energia muito grande quando está tocando e eu gosto disso. Também me inspiro muito no David Garibaldi e no Derrick McKenzie por causa do estilo musical. Nos últimos anos me aproximei muito dos ritmos brasileiros, especialmente os ritmos baianos, como o samba-afro e samba reggae. Tenho ido todos os anos à Bahia e tenho estudado a história desses ritmos, seus criadores e história.
É uma música que representa a resistência da cultura de um povo, o povo brasileiro afrodescendente. Tenho muito respeito por essa música e gosto muito dos ritmos e da criatividade. Já participei de oficinas do Olodum, Ilê Aiyê e Timbalada. Já tive a oportunidade de aprender com vários percussionistas e aplicar os ritmos à bateria. Eu gosto muito dessa trama dos tambores.

 

  1. Quando você entrou no Hi Hat? E como foi?

Eu fui convidada pela baterista Hellen Kelmer, que também é de Juiz de Fora –              MG. Ela conheceu o trabalho das meninas por meio das redes sociais, foi até um evento no Rio de Janeiro e se apaixonou pelo projeto. Ela me convidou e fizemos a primeira oficina em Juiz de Fora, em meados de 2016.

Abrimos as inscrições e tivemos que sortear as participantes, porque foi um sucesso absoluto! O negócio bombou! A mulherada ficou em êxtase. Foi uma tarde muito especial, ensinamos e também aprendemos com as meninas. Inesquecível. Depois fizemos mais umas cinco oficinas na cidade, todas elas com muitas meninas, mulheres, crianças e idosas. Graças à Hellen, hoje sou uma Hi Hat Girl. Sou muito grata a ela, à Julie e à todas as meninas.

 

  1. Como você se sente após cada Oficina ministrada?

Eu acredito que as oficinas possuem um propósito para além da música. O aprendizado musical proporciona liberdade e possibilidade de expressão dos sentimentos por meio dos sons. Mas no caso da mulher tocar bateria também representa a quebra do estereótipo de que esse instrumento só deve ou só pode ser praticado pelos meninos. A mulher lutou e conseguiu ocupar os espaços antes menos ocupados. Ainda há inúmeras conquistas pela frente, mas é fato que a mulher não vai recuar. Eu vejo as meninas buscando recuperar esse tempo perdido. Elas estão com sede de aprender não somente a bateria, mas vários outros instrumentos. Logo após a oficina, percebo que estou participando ativamente dessas mudanças sistêmicas e contribuindo ativamente, o que é muito gratificante. Eu continuo na cozinha, mas agora a cozinha é musical 🙂

 

  1. Você tem uma banda? Se sim, conta pra gente um pouquinho sobre ela!

Já toquei em várias bandas e artistas aqui na cidade. Atuo também como produtora cultural, sou sócia proprietária da Divulga Arte Produções de 2012.

Já tive a oportunidade de trabalhar em shows de vários artistas, ídolos da música nacional e internacional. Aprendi muito no backstage. Aprendi sobre rider técnico, montagem de palco, passagem de som, luz. Eu mesma timbro meu instrumento, isso faz diferença em um show ao vivo.

Sou uma das fundadoras da banda Zé do Black (@zedoblack) que está na estrada desde 2004. Somos uma banda que promove a música e cultura afrodescendente. Fazemos um som com muita energia. É contagiante. No Zé do Black tive oportunidade de trabalhar com artistas incríveis. Não é fácil estar na cozinha do ZDB. As apresentações são muito pra cima. A preparação prévia é necessária. Também participo do Muvuka (@muvuka), bloco que promove a música afro-baiana em Juiz de Fora. Espero que essa pandemia termine logo para que todo mundo fique bem e eu possa estar com as meninas novamente em uma oficina ou apresentação.